Baixa frequência afetiva: são amigos que esquecem, ou optam por não parabenizar no seu aniversário, não respondem mensagens com muita frequência, são parceiros que não sentem ciúmes. São pessoas que amam, mas não querem o objeto do seu amor o tempo todo por perto, nem conversar o dia inteiro. Se incomodam com cobrança, não se dão bem com pessoas que querem muito dela ou querem ela por perto. Enfim, são pessoas que precisam de um intervalo de tempo maior para sentir falta da outra pessoa. Elas gostam de ser e de estarem sozinhas.

Eu não lido muito bem com datas comemorativas, seja aniversários, dia das mães, dos país, aliás, o Pais pra ter tantas datas comemorativas. Pra mim são dias normais como qualquer outro, e facilmente passam batidos, e nem é por maldade, mas é que eles não são importantes para mim. Para vocês terem uma ideia, tirei o aviso do meu aniversário do FaceBook porque era muito cansativo receber aquele monte de mensagens de felicitações vazias de pessoas que eu nem conhecia direito, e pior, a cobrança interna de ter que reponder para não ser interpretada por mal educada.

Meu aniversário é comemorado, mas do meu jeito, normalmente me compro um presente, algo que já estava namorando a muito tempo e peço uma comida gostosa, ou viajo (a maioria foi comemorado em viagens). Não ligo se vou ganhar presentes ou se as pessoas vão lembrar, e talvez por não me importar com o meu, não me importo com o dos outros. Mas tenho amigos, familiares e conhecidos que se importam e muito com essas datas, e é muito frustrante lidar com esses momentos porque não sou eu, entende? Tenho a sensação que todo ano mando a mesma mensagem de aniversário pra todo mundo hahaha.

É ai que mora o problema para quem tem baixa frequência afetiva, tudo que tem uma característica de “obrigação” perde o brilho pra gente. A expectativa gerada pelo outro é a nossa tortura, são torturas bobas, mas drenam nossa energia. O negócio ficou tão problemático na minha vida que as pessoas (familiares, ex namorados e amigos) começaram a me chamar de egoísta e fria, e sei lá, escutar tanto isso e somar que internamente me sentia diferente da maioria, foi o suficiente pra me achar o pior ser humano do planeta terra.

A minha psicologa me explicou que do mesmo jeito que existem pessoas com alta frequência afetiva (o carentão), também existem aqueles com uma frequência afetiva normal e outros como eu que tem uma frequência afetiva baixa. Não é sobre quem ama muito, ama ou não ama ninguém, não. É sobre ritmos diferentes, e formas diferentes de demonstrar que se importa.

Por exemplo: eu não sou o tipo de amiga que vai te ligar sempre, que vai ficar te mandando mensagem, posso até esquecer seu aniversário e lembrar três dias depois, não vou em todos os rolês que você marcar, na verdade não vou em quase nenhum, mas se um dia você precisar de mim, pode ter certeza que estarei lá por você, nem que seja pra te ajudar na mudança, levar ou te buscar no aeroporto, emprestar dinheiro, cuidar das suas plantas ou do seu gato enquanto você viaja, te acompanhar em algum exame… mas ainda assim, é difícil para as pessoas enxergarem amor e cuidado nesses gestos. ESTAR PRESENTE, FALAR, DECLARAR, POSTAR E FAZER TEXTÃO ainda é mais valorizado.

Entenda que o tanto que a pessoa está presente na sua vida, não corresponde com o sentimento que ela tem com o outro. Exigir demais de pessoas com baixa frequência afetiva é receita para o fracasso. Eu posso te amar e mesmo assim me afastar, vou até te querer na minha vida, mas no meu ritmo, no ritmo que consigo, e vai de você aceitar ou não uma pessoa com o ritmo diferente do seu.

Meu circulo de amizades é bem pequeno, quase inexistente, vivendo a base de aparelhos, porque pouquíssimas pessoas entendem que funciono assim, e permanece na minha vida quem entende e respeita meu jeito.

Beijinhos, Tali.

Respostas de 12

  1. Eu sou Canceriana Dramática, mas não gosto de cobranças Tbm, não é atoa que nem Facebook tenho mais.
    E o negócio de aniversário é muito real, odeio mandar textos mas ainda assim o faço pra não ser mal interpretada, eu tenho o péssimo hábito do medo de machucar alguém, então acabo mandando textão e publicando no insta para algumas amigas, nunca espero ganhar nada de ninguém, a anos não sou lembrada por um mutirão de pessoas pelo meu círculo de amigos serem minúsculos.
    Acho chique, fino, e simples o Happy Birthday dos Estadunidenses rsrs, quem dera se no Brasil fosse assim.
    Será que tenho baixa frequência ? Nem sabia que tinha um nome pra isso.

    1. Não é um termo clínico, é só um termo que define pessoas que preferem ser e estarem sozinhas. A psicologia reconhece que pessoas sentem, interagem e se relacionam de formas diferentes, e na teoria é lindo, mas na prática não muito, porque pessoas entendem que “gostar” é estar presente, e para quem tem baixa frequência afetiva é desafiador, pois não temos essa necessidade de estar junto, sumimos por algum tempo, voltamos como se nada tivesse acontecido, e deixamos um rastro de confusão, porque sumiço é equivalente “não me importo com você”, quando na verdade só estamos querendo ficar quietinhos e recarregar a bateria.
      E a relação seja ela qual for, só funciona quando a pessoa entende e reconhece que cada um tem suas individualidades e as respeita!

  2. Uaaaaau, me identifiquei bastante com o que tu escreveu. Eu tenho muito isso também, principalmente com relação a amigos, mas sou uma super amigona se a pessoa precisa de mim. Saio correndo e faço o que for preciso. A gente é do bem! <3

    1. Sim, somos ótimos amigos. Ajudamos e estamos lá por eles sempre que possível, principalmente para coisas importantes. Ex: conta comigo pra te acompanhar no hospital de madrugada, mas não conta comigo para as festinhas hahaha

  3. Haha nunca ouvi falar desse termo, mas me identifico. Hoje mesmo uma amiga me mandou uma mensagem perguntando se eu estava brava com ela, pois nunca mais tinha falado com ela ( não tinha nem 15 dias), e falei não, só não tenho assunto mesmo rs. Tenho poucos amigos, sou bem desapegada de pessoas, sinceramente.

  4. Meu namorado tem uma baixa frequência afetiva e eu sou totalmente ao contrário. Amo meu aniversário e me comunicar com as pessoas etc e ele é bem mais na dele. Demorei a entender o lado dele , é isso causou muita dor de cabeça. Aprender a respeitar e entender que somos diferentes é essencial para manter relacionamentos saudáveis com as pessoas do nosso convívio.

    1. Sempre causa muita dor até entender, porque no fundo a gente sempre espera que o outro faça da mesma forma que a gente, mas fico feliz por vocês terem conversado, se acertado e hoje vivem um relacionamento saudável <3

  5. Eu super entendo o que você passa, sou assim também até beijo no rosto pra cumprimentar é a morte pra mim lkkk
    Meu namorado sofre um pouco comigo pq andar de mãos dadas, abraços e tals é complicado pra mim.
    Nunca falei eu te amo para pessoas da minha família, pessoas que são meu tudo, nem abraços eu consigo dar…
    Como vc mesmo disse as pessoas que ficam é as que entende e que respeita isso.

    1. Aqui tanto eu como meu marido, nos dois temos baixa frequência afetiva, a dele ainda é mais baixa que a minha. Foi depois de 1 ano de namoro que saiu um “eu te amo” da minha boca e ele me disse também. Mas suspeito que se eu não tivesse dito, ele guardaria essas palavras para sempre rs.

Deixe um comentário para Tali Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *