Refletindo sobre meus anos anteriores, especificamente as viradas. Notei que todo início de ano começa com um balde de água fria, mas esse em particular foi quase um plágio da cena icônica de Carrie, A Estranha.
Fins são esperados, eu mesma sempre imaginava como seria o dia em que o Dhou Jhou (meu gato) partisse, e toda vez que minha mente vagava para essa possibilidade, eu chorava. Claro que depois eu me consolava, dizia que não valia a pena me preocupar com isso, que esse dia poderia demorar muito.
Mas esse dia chegou em 10 de janeiro de 2023. O veterinário disse que infelizmente ele tinha chegado ao estágio final da doença (renal), pediu para eu levá-lo para casa, alimentá-lo com o que ele aceitasse comer, dar muito amor, porque aqueles eram seus últimos dias.
Viver o último banho de sol, a última ida ao Pet Shop para comprar sachê e o adeus, me assombram até hoje, tenho revivido esses momentos quase todos os dias. Mas nenhum momento supera o voltar para casa, encontra-la vazia e, ao mesmo tempo, cheia com lembranças e pertences dele espalhado por todos os cômodos.
Chorei tudo que precisa chorar, mas confesso que ainda não foi o suficiente, vez ou outra a tristeza e a saudade me vence.
O luto ganhou muito espaço na minha vida, dias viraram semanas, e semanas em meses. Da tristeza eu saltei para um problema de saúde, e quando dei por mim, estava dentro de um avião indo para o Brasil. Esta tudo bem agora, mas depois que o pior passou, comecei a notar a desordem que ficou para trás.
Não estou falando apenas da parte emocional, hoje, por exemplo, descobri que tinha perdido meu blog por falta de pagamento. E, se não fosse a ajuda do Willian (atendente da plataforma que uso), que não só resolveu meu problema como achou o backup de tudo (um beijo Willian), eu estaria me sentindo muito culpada por deixar as coisas chegarem a esse ponto.
Venho tentando normalizar as coisas, comecei pelos armários, organizei as gavetas imaginando que assim estava arrumando as minhas ideias. Destralhei o excesso de coisas que tinha, comprei livros novos e até fiz uma tatuagem, só para me lembrar que apesar de tudo, uma parte dele sempre viverá em mim.
Até breve, com amor, Tali.