Não sei se posso me autodenominar uma “garota do blog”, já que me encontro na casa dos 30 e poucos anos, casada e cheia de cabelos brancos, mas é como me sinto. A blogosfera é sem dúvidas a minha plataforma de criação de conteúdo favorita, o espaço é seu, não tem algoritmo chato ditando as regras, seus conteúdos podem ser encontrados no google mesmo depois de muitos anos publicado, é você quem determina a frequência de postagens, é rentável $$, e dá para usar Google AdSense sem burocracia. Até hoje não entendo como pudemos trocar esse paraíso por outras plataformas que só acabam com nossa saúde mental.
Vivemos em um mundo em que as redes sociais estão tomando força, tamanho e relevância, e as próprias plataformas digitais estão competindo entre si por audiência. O Instagram desbancou o Snapchat, tentou passar a perna no YouTube com o IGTV, e agora está querendo competir com o TikTok, e nós criadores de conteúdo ficamos no meio do fogo cruzado, tendo que postar cada vez mais ou até mesmo pagar para alcançar a audiência que voluntariamente se inscreveram nas nossas redes.
O Instagram é a novela da vida real, onde a frequência e a constância são os fatores primordiais para quem quer chegar a algum lugar, e se você não acompanha a velocidade e o ritmo, o engajamento cai. O que resulta em um looping eterno de pessoas postando desesperadamente qualquer coisa em troca de views, likes e comentários (não pode esquecer de salvar o post haha). Tudo isso me lembrou a época em que eu trabalhava em um banco, e as metas individuais eram sobre-humana.
A lógica agora é: precisa ser instantâneo, imediato, precisa ser ao vivo e precisa ser para ontem. As pessoas precisam saber as coisas exatamente quando as coisas estão acontecendo. E isso é muito louco porque a gente acaba se adaptando a produzir e a consumir conteúdo nessa velocidade insana, e pior, achar que isso é normal.
Confesso que eu tentei me encaixar nesse ritmo de produção de conteúdo imediata, e não durou muito tempo, porque a velocidade da internet e a velocidade da minha vida são completamente diferentes, apesar de existirem no mesmo mundo e uma dentro da outra, pra mim existe uma divisão muito clara, e tentar supera-la só prejudicava a mim mesma. Não é a toa que estamos na era da ansiedade e do burnout, só que ninguém mais consegue desacelerar e buscar entender melhor o porquê a gente faz o que faz, e é muito fácil se perder nesse limbo de tentar acompanhar o ritmo do mundo e se tornar um babuíno treinado das dancinhas.
A gente perde de vista uma premissa bem básica : A GENTE NÃO É OBRIGADO A CORRER SÓ PORQUE ESTÁ TODO MUNDO CORRENDO.
E apesar de não ser um mundo muito ativo, a blogosfera é a plataforma que mais combina com meu perfil “slow posting” (quem não está na onda do imediatismo), prezo mais a qualidade do que a quantidade de conteúdo postado, e por isso estou ressuscitando o Notas da Tali versão blog. Porque se for para me dedicar em algo, que seja no meu próprio terreno, sob minhas regras e dentro do meu ritmo, e isso não quer dizer que sou contra o Instagram, de forma alguma, @notasdatali também existe por lá, a gente só não pode viver a vida através do celular e achar que tudo gira em torno dele e para ele.
Pensei muito a respeito de como seria o primeiro post do blog, e me cobrei muito porque tenho essa coisa de “tem que ser perfeito”, aquela questão da primeira impressão, mas achei interessante dividir todos os motivos que me fizeram decidir procurar soluções que tinham mais a ver comigo, com meu ritmo e que transparecesse o que de fato sou: uma blogueira cansada! haha
E se esse blog fizer sentido para uma pessoa, pra mim já valeu a pena!
Ainda não sei sobre o que esse blog é de fato, mas isso a gente pode descobrir juntos. Eu meio que vou escrevendo e vocês meio que vão lendo e a gente vai meio que vai se entendendo, tá bem?
Beijinhos a todos <3
Amei Tali, pra mim faz totalmente sentido o seu texto.
se fez sentido para você, já valeu a pena ter postado <3